sábado, 2 de julho de 2011

SER OU ESTAR FELIZ?


A felicidade é como a pluma

Que o vento vai levando pelo ar

Voa tão leve

Mas tem a vida breve

Precisa que haja vento sem parar

(A Felicidade – Tom Jobim)
Mesmo nas palavras de Tom Jobim, felicidade não é um termo simples de explicar. E nem deveria ser. A felicidade é um sentimento próprio de cada pessoa e que apenas ela sabe como conseguiu alcançar. Esse estado de espírito não deve ser momentâneo ou passageiro, mas cultivado e nutrido ao longo de toda a vida em todos os aspectos possíveis, tanto física quanto social, espiritual e psicologicamente. E aí, já descobriu o que faz você feliz?Não tem como conceituar felicidade. Ela tem várias definições e sentidos, dependendo da pessoa que a vivencia. Para o pesquisador do Instituto de Medicina Comportamental da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Ricardo Monezi, “a felicidade foi percebida durante muito tempo como o quanto uma pessoa se sentia bem consigo mesma e com o mundo ao redor. Hoje, sabe-se que a definição é mais ampla, tem a ver com o corpo e o espírito, com a integralidade do ser humano, relacionada à sensação de bem estar consigo mesmo e com a sociedade. A felicidade é muito subjetiva. O conceito tem que ser adaptado de acordo com cada história de vida. A sensação de estar bem consigo mesmo varia de pessoa pra pessoa”.A felicidade pode ser exercida de duas maneiras diferentes: como um prazer momentâneo ou como uma maneira de ser. Escolha a sua. “Sofre menos quem opta por exercer felicidade como um trabalho diário. Quem vê a felicidade como uma profissão, que deve ser cumprida diariamente, tem comprovadamente menos chance de ficar doente do que uma pessoa mal-humorada. Quando se é feliz e não simplesmente está feliz, há também uma melhor regulação dos hormônios do estresse. O cortisol e a adrenalina, quando liberados cronicamente por pessoas mal-humoradas, prejudicam o sistema imunológico do organismo. Uma pessoa feliz não possui grande quantidade desses hormônios no organismo e, geralmente, quando tem um pico de estresse, trabalha melhor a liberação deles. O impacto do estresse é menor”, aponta Ricardo.Ser feliz faz bem para a saúde. Além do melhor funcionamento do sistema de defesa do corpo humano, também diminui as chances de problemas cardiovasculares. “Pessoas felizes apresentam uma média de 30% a 35% de redução de risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Além disso, vacinas aplicadas em pessoas felizes produzem anticorpos em velocidade de duas a três vezes superior do que se aplicadas em pessoas em estado de tristeza e debilidade. Apesar de a felicidade ser um conceito extremamente subjetivo enquanto ideia e exercício de comportamento humano, é objetivo em seus efeitos no corpo e na mente. Não ser feliz é um mau negócio”, diz o pesquisador.Para Ricardo, a felicidade é um estado que mexe com todos os sentidos. Mas como fazer para ser feliz? Pode não ser tão fácil falar quanto fazer, mas uma coisa é certa: vale a pena tentar. “Felicidade é bem-estar. Para se ter bem-estar, deve-se conhecer e cuidar de todos esses aspectos da vida. Cuidar do corpo, realizar check-up rotineiramente, desenvolver alguma atividade física e cuidar do sono e da alimentação influenciam no bem-estar biológico. Psicologicamente, exercitar o autoconhecimento e a autoestima, amar a si mesmo para poder amar os outros, cultivar os pequenos momentos de prazer. Socialmente, é importante ter amigos e também conviver com eles, não só nas redes sociais. Espiritualmente, trabalhar a fé e a religiosidade e, somando social com espiritual, realizar um trabalho voluntário. A recompensa do altruísmo e da compaixão é a felicidade”, conclui.